SOBERANIA DE DEUS NA SALVAÇÃO


Em 1619, o Sínodo de Dort, na Holanda, refutou as teses de Armínio e estabeleceu o que chamamos dos cinco pontos do Calvinismo. Charles Spurgeon corretamente afirmou que Calvinismo nada mais é do que a exposição da doutrina apostólica. O grande destaque dos cinco pontos do Calvinismo é a soberania de Deus na salvação.

1. O homem não pode salvar-se a si mesmo
A Bíblia é categórica em afirmar que todos pecaram.
1 Não há justo nenhum sequer. Rm 3.10-12
2 O homem em seu estado natural está cego. 2Co 4.4
3 perdido. Lc 19.10
4 e morto. Ef 2.1
5 Ele está escravizado pela carne, pelo mundo e pelo diabo. Ef 2.2,3
6 O homem é concebido em pecado. Sl 51.5
7 e não tem poder para livrar-se dele por si mesmo. Jo 8.34
8 O pecado atingiu todo o seu ser: mente, corpo e espírito. A não ser que Deus o salve, ele perecerá eternamente. Rm3.23

2. A eleição divina é incondicional
9 Foi Deus quem nos escolheu e não nós a ele. Jo 15.16
10 Foi ele quem nos amou primeiro. 1Jo 4.10
11 A eleição divina é eterna. Ef 1.4
12 soberana. 2Tm 1.9
13 e cristocêntrica. Ef 1.4-5
14 Deus nos escolheu do pecado e não no pecado. 2Ts 2.13
15 Fomos eleitos para a santidade. Ef 1.4
16 e obediência. 1Pe 1.2
17 A causa da nossa eleição não está na fé, mas esta é conseqüência da eleição. At 13.48
18 Tudo provém de Deus que reconciliou consigo mesmo o mundo. 2Co 5.18
19 A salvação é obra exclusiva de Deus. Jn2.9 Monergismo.

3. O sacrifício de Cristo é eficaz
20 Cristo não morreu para possibilitar a nossa salvação, ele morreu para nos salvar. Mt 26.28
21 Sua morte foi vicária in-substitutiva. 2Co 5.21
22 Ele morreu pelos nossos pecados. 1Co 15.3
23 e ressuscitou para a nossa justificação. Rm 4.25
24 Não pode perecer eternamente aquele por quem Cristo morreu, uma vez que seu sacrifício na cruz foi plenamente vitorioso em seus efeitos. Rm 3.24-26
25 Cristo morreu pela igreja. Ef 5.25
26 e nenhum daqueles que o Pai lhe deu há de perecer. Jo 6.36,37;17.12

4. O chamado para a salvação é irresistível
27 Todos os eleitos, por quem Cristo deu a sua vida, são chamados, justificados e glorificados. Rm 8.30
28 As ovelhas de Cristo ouvem a sua voz e o seguem. Jo 10.27
29 Todo aquele que o Pai dá a Jesus vem a ele. Jo 6.36,37
30 É a bondade de Deus que nos conduz ao arrependimento. Rm2.4
31 É o próprio Deus quem abre o coração do homem para fé salvadora. At 16.14
32 A própria fé é um dom imerecido de Deus. Ef 2.8-9
33 É o Espírito Santo quem nos regenera. Tt 3.5
34 e nos faz nascer de novo. Jo 3.3,5
35 Deus fala ao homem de diversas maneiras, usando vários instrumentos, mas o chama eficazmente pela Palavra. Jo 17.20

5. A salvação não pode ser perdida
36 Uma vez salvo, salvo para sempre. Rm 8.30-39
37 Não pode perecer alguém escolhido por Deus na eternidade, remido por Cristo na cruz, chamado eficazmente pelo evangelho e regenerado pelo Espírito Santo. Rm 8.30
38 Ninguém pode arrebatar uma pessoa salva das mãos de Jesus. Jo10.28
39 Aquele que foi convertido a Cristo tem o selo do Espírito Santo. Ef 1.13-14
40 é propriedade exclusiva de Deus. 1Pe 2.9
41 e tem seu nome escrito no livro da vida. Ap 20.15
42 Nenhuma pessoa nem circunstância podem afastar uma pessoa salva do amor de Deus. Rm 8.35-39
43 nem impedi-la de chegar ao seu lar eterno. Sl 73.24; 84.7

JOÃO CALVINO, O CÉREBRO DA REFORMA


Ele nasceu no dia 10 de julho de 1509 na França e morreu no dia 27 de maio de 1564 em Genebra, na Suíça. Calvino foi o maior expoente da reforma. Influenciou não apenas a teologia, mas, também, a economia, a política e a educação. Destacaremos quatro áreas da vida desse gigante de Deus.


1. A teologia de Calvino - O reformador João Calvino foi o sistematizador da doutrina reformada. Aos 26 anos de idade escreveu As Institutas da Religião Cristã, fazendo uma exposição do Credo Apostólico. Esta obra tornou-se a maior referência teológica de todos os tempos. É muito importante ressaltar que Calvino não foi um inovador. Ele voltou à doutrina dos apóstolos. Ele voltou às Escrituras. Ele tinha um alto conceito da Palavra de Deus e esmerou-se em ensiná-la com irrestrita fidelidade. A influência de Calvino na teologia é tão destacada, que a doutrina reformada foi cognominada depois de sua morte de Calvinismo. No Sínodo de DORT, na Holanda, mais de cinqüenta anos depois da morte do reformador, cunhou-se o que nós chamamos de cinco pontos do Calvinismo: Depravação Total, Eleição Incondicional, Expiação Limitada, Graça Irresistível e Perseverança dos Santos.

2. A pregação de Calvino - Calvino foi um expositor bíblico. Pregou quase toda a Bíblia, usando o método lectio continua, expondo as Escrituras livro por livro, capítulo por capítulo, versículo por versículo. Calvino foi um exegeta extraordinário. Ele conhecia profundamente as línguas originais, a tal ponto de ler direto no Hebraico quando pregava no Antigo Testamento e direto no Grego quando pregava no Novo Testamento. Calvino pregava em média três vezes por semana. Ele foi essencialmente um pregador, um homem do púlpito. Para ele o púlpito era o trono de Deus na terra, de onde Deus governa o seu povo. Ouvir a exposição das Escrituras é ouvir a própria voz de Deus.

3. A prática pastoral de Calvino - Calvino não foi um homem sisudo, frio e distante das pessoas. Ao contrário, era um devotado pastor de suas ovelhas. Mesmo com uma agenda tão congestionada, ainda encontrava tempo para visitar o rebanho e orar com o seu povo. O ministério de Calvino abrangia um horizonte muito mais amplo do que apenas o cuidado da igreja local em Genebra. Ele era consultado por pastores e concílios de vários países para dar orientação à luz das Escrituras. Ele viajava para atender muitos convites. Calvino era um apologeta incomparável e ajudou a igreja do seu tempo a resolver os mais intrincados conflitos teológicos, sempre se pautando pela fiel exposição da Palavra. Mesmo atormentado por constantes dores e enfermidades, Calvino respondia inúmeras cartas, escrevia muitos livros e pregava com freqüência regular.

4. A influência social de Calvino - Calvino influenciou não apenas a igreja, mas, também, a sociedade como um todo. Ele fundou uma academia em Genebra, onde não faltou o curso de Teologia. Ele preparou missionários e os enviou para o mundo inteiro, inclusive para o Rio de Janeiro. Ele acolheu os foragidos de guerra e fez de Genebra um lar hospitaleiro para os que buscavam refúgio. Genebra foi transformada na mais esplêndida maquete do Reino de Deus na terra, sobretudo, pela pregação desse destemido reformador. Calvino influenciou a política, a cultura e a economia. Ele foi intelectual, sem deixar de ser piedoso. Ele foi um homem à frente do seu tempo. Depois de quinhentos anos de seu nascimento, ainda exerce decisiva influência em todo o mundo ocidental, especialmente no contexto das igrejas reformadas. Rendemos glórias ao nosso Deus por tão preciosa vida!

JEJUM, FOME DE DEUS



O jejum é uma prática milenar, porém em desuso na igreja cristã contemporânea. O jejum está presente tanto no Antigo como no Novo Testamento. Os profetas, os apóstolos, Jesus e muitos homens de Deus ao longo da história experimentaram os benefícios espirituais por intermédio do jejum. Os santos de Deus em todos os tempos e em todos os lugares não somente creram no jejum, como também o praticaram. Hoje, porém, são poucos os crentes que jejuam com regularidade e ainda há muitas dúvidas acerca da sua necessidade e de seu funcionamento.

O que é jejum? É a abstenção de alimento por um período definido para um propósito definido. O jejum não é apenas abstinência de alimento. Não é um regime para emagrecer. Ele deve ter propósitos espirituais claros. Jejum é fome de Deus, é saudade do céu. A Bíblia diz que comemos e bebemos para a glória de Deus e também jejuamos para a glória de Deus (1Co 10.31). Se comemos para a glória de Deus e jejuamos para a glória de Deus, qual é a diferença entre comer e jejuar? Quando comemos nos alimentamos do pão da terra, símbolo do Pão do céu; mas quando jejuamos não nos alimentamos do símbolo, mas da essência, ou seja, nos alimentamos do próprio Pão do céu. Jejuar é amar a realidade acima do emblema. O alimento é bom, mas Deus é melhor (Mt 4.4; Jo 4.32). A comunhão com Deus deve ser a nossa mais urgente e apetitosa refeição. Nós glorificamos a Deus quando o preferimos acima dos seus dons.

O maior obstáculo para o jejum não são as coisas más, mas as coisas boas. Nem sempre nos afastamos de Deus por coisas pecaminosas em si mesmas. Os mais mortíferos apetites não são pelos venenos do mal, mas pelos simples prazeres da terra, os deleites da vida (Lc 8.14; Mc 4.19). "Os prazeres desta vida" e "os desejos por outras coisas" não são um mal em si mesmos. Não são vícios. São dons de Deus. No entanto, todas elas podem tornar-se substitutos mortíferos do próprio Deus em nossa vida. Jesus disse que antes de sua volta as pessoas estarão vivendo desatentas como a geração que pereceu no dilúvio. E o que elas estavam fazendo? Comendo e bebendo, casando-se e dando-se em casamento (Mt 24.37-39). Que mal há em comer e beber, casar e dar-se em casamento? Nenhum! Mas, quando nos deleitamos nas coisas boas e substituímos Deus pelas dádivas de Deus estamos em grande perigo. O jejum não é fome de coisas boas; o jejum é fome de Deus. O jejum não é fome de coisas que Deus dá; o jejum é fome do Deus doador. Nossa geração corre atrás das bênçãos de Deus em vez de buscar o Deus das bênçãos. Deus é melhor do que suas dádivas. O abençoador é melhor do que a bênção.

O propósito do jejum não é obter o favor de Deus ou mudar a sua vontade (Is 58.1-12). Tampouco impressionar os outros com uma espiritualidade farisaica (Mc 6.16-18). Nem é para proclamar a nossa própria espiritualidade diante dos homens. Jejum significa amor a Deus. Jejuar para ser admirado pelos homens é ter uma motivação errada. Jejum é fome do próprio Deus e não por aplausos humanos (Lc 18.12). É para nos humilharmos diante de Deus (Dn 10.1-12), para suplicarmos a sua ajuda (2Cr 20.3; Ed 4.16) e para voltarmo-nos para Deus com todo o nosso coração (Jl 2.12,13). É para reconhecermos a nossa total dependência divina (Ed 8.21-23). O jejum é um instrumento para fortalecer-nos com poder divino, em face dos ataques do inferno (Mc 9.28,29).
É tempo da igreja jejuar! É tempo da igreja voltar-se para Deus de todo o seu coração, com jejuns e com pranto. É tempo de buscar um reavivamento verdadeiro que traga fome de Deus em nossas entranhas, que traga anseio por um profundo despertamento da realidade de Deus em nossa igreja, em nossa cidade, em nossa nação!